segunda-feira, 9 de novembro de 2015

   
 AS LETRAS ESVOAÇANTES 

Como se estivesse a passar por um muro de vidro embaciado, que por detrás revelava um imenso jornal. Percorri o túnel entre muros de milhares de palavras e letras, alguns metros á frente atraido pela nitidez causada por um brusco desembaciar de um versículo que dizia. " Tudo o que vier á mão , faça-o conforme as tuas forças, porque na sepultura para onde vais, não há obra , nem industria e nem sabedoria alguma". Mais nada se podia decifrar naquele imenso mar de palavras. O barulho ruidoso que se fazia ouvir destruiu o muro das palavras e letras, esvoaçando no ar, diante de mim espalhavam nas calçadas da estação de Cais de Sodré, onde tomei o comboio rumo a Paço de Arcos para encontrar com o meu amigo Ricardo Guerreiro. Falamos desesperadamente como os quadros que tinha acantonados no Atelier. Apressadamente as palavras espalharam por toda a sala e saia debaixo da porta pela entrada do prédio. A minha mulher ligou-me na altura se queria uma boleia. Ela ia para casa. Enquanto falava com ela, sentia e ouvia na sua voz , uns trambolhões de letras e palavras a encher os meus tímpanos. Tinha que sair, a boleia já chegara. O amigo avisou-me. "Não esqueças o quadro" . Ok, ok. Tenho que ir....depois a gente se vê! Durante o percurso para casa, mesmo calado, as letras que restaram esvoaçavam no interior do carro mantendo-nos num silêncio natural. Abri a porta com ideia de registar esta tarde. Tudo o que saiu foi isto: Obrigado amigo Ricardo Guerreiro, por esta guarida à minh'alma.
Depois lembrei que poderia continuar o relato do dia seguinte....

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